sexta-feira, 2 de março de 2012

penhasco

sempre ouvi dizer que todos temos um lado mais racional e sério, mais prático, pragmático, e que é esse que surge quando as situações de tensão se apoderam de nós. e que depois para contrabalançar, temos um mais 'rosinha' mais sentimental, depressivo e muito lamecheiro. é aquele que surge quando a dita pessoa que nos ocupa o coração não nos respondeu à última mensagem enviada há 5minutos. mas, como dá para perceber, a psicologia nunca foi o meu forte, e por isso para mim talvez estes dois sejam fruto das emoções que nos ocupam os poros na altura em que as sentimos.
engraçado, contigo, ou melhor falando, em relação a ti nunca consigo separar estes dois lados tão distintos. é como se um turbilhão de arrepios, enjoos, dúvidas e certezas me invadisse e me paralisasse. e quando vou a dar conta, já as minhas mãos estão nas tuas costas e a minha saliva em fusão com a tua... quando me dou conta já todas as minhas certezas referentes ao facto de seres o caminho errado para mim se desvaneceram, e o único caminho que vejo na altura é aquele que guia os meus dedos pelo teu corpo.
é verdade que ambos mudámos imenso, e que se nunca fomos perfeitos um para o outro, possivelmente agora ainda seríamos menos. tu tens esse teu ar snobe, de que nada nem ninguém te afecta. essa porte alto e encorpado que tanto me derrete e esse olhar quente e maroto, como se estivesses sempre pronto a descobrir algo novo. usando a metáfora, posso comparar-te a um penhasco, para o qual me quero jogar sem por vezes perceber o quão alta pode ser a queda. e eu, bem eu sou eu, também com esse ar de que nada nem ninguém me afecta é certo, mas sabendo de antemão que tu me desarmas sem precisares de artilhara pesada. continuo com o olhar frio e duvidoso em relação ao que me rodeia. acho que adquiri esta característica pouco depois de a porta entre nós ter batido e fechado.
depois, surgem momentos iguais a estes. em que a minha vontade é aninhar-me em ti, nesses teus braços morenos e tão quentes, enquanto que na minha mente surgem ecos do quão errado esse aninhar pode ser. a verdade é esta, é me difícil perceber porque é que querer-te para mim é errado, mesmo assumindo que é. é me difícil compreender porque é que querer amar-te todos os dias mais um pouco não está certo.
quero desistir de tudo isto todos os dias. todos os dias que me deito e me levanto e tu não estás. arranjar alguma forma de acabar com todo este meu sofrimento (olha o lado lamecheiro a surgir outra vez), mas todos os caminhos percorridos por mim me levam a ti. pode até ser paranóia, obsessão, não nego que se calhar com o passar do tempo fiquei assim, mas é a mais pura das verdades.
e já estou outra vez emaranhada nos dois lados, em ti, e nessa tua aparência tão clara, apaixonante e viciante para mim.

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